Algo que sempre me pertenceu e talvez nunca me deixe por completo. Mas não porque eu quero. Se eu pudesse, arrancava toda a timidez e toda a vergonha que existe dentro de mim e jogava bem longe, ou melhor, enterrava para que ela não pudesse mais voltar. Para que ela não pudesse mais me impedir de falar algo, ou me fazer gaguejar quando eu finalmente consigo pronunciar alguma coisa. E, principalmente, que ela não fosse mais capaz de deixar o meu rosto rosa, vermelho, ou seja lá que cor ele fica quando estou envergonhada.
E isso não é uma coisa muito difícil de acontecer. O simples fato de falar, expressar minhas ideias através da voz, principalmente quando muitos me ouvem, pode se tornar um pesadelo pra mim. Por quê? Por causa daquela maldita timidez. Mas, mesmo sabendo que ela nunca vai me deixar, acho que nos últimos tempos aprendi a não deixar ela me vencer. Ou, quem sabe, me acostumei com ela e entendi que poso e tenho que falar, mesmo que seja com o rosto vermelho.
Nos últimos anos, não sei se foi porque conheci pessoas que me ajudaram ou se foi porque vivi situações que me fizeram crescer, mas, de alguma forma, eu consegui enxergar outra coisa que existe em mim, escondida atrás da timidez: a CORAGEM. Sim, a coragem de levantar para buscar o que é meu, quando a timidez insiste em me manter sentada. A coragem de falar e até mesmo de gritar (mesmo que algumas vezes eu só fale besteira), quando a timidez só quer que eu fique calada.
Por muito tempo eu fui a menina quietinha, ingênua e deixava que todos falassem por mim. Por muito tempo eu deixei que a timidez me vencesse. Agora chega. Eu tenho voz. Eu posso levantar, falar e correr atrás das coisas que quero. Sei que a timidez não vai me deixar nunca, até porque ela faz parte de mim, mas daqui pra frente vou fazer de tudo para que ela não me impeça de fazer nada.
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